24.7.11

Muito Obrigado!

Foto: Célio Filho

Um close diz tudo, é então que um ator mostra o que tem aprendido, ensaiado, ESTUDADO. O comportamento se torna mais evidente para o espectador/plateia. Em um close o público está a centímetros de distância, e o seu rosto se transforma no set.” (Marlon Brando).
“Penso que apenas em um ou dois filmes tive o apoio financeiro necessário. Em todos os outros, gostaria de ter tido dinheiro para filmar durante mais dez dias”. (Martin Scorsese), [Mas poderia ser de Roger para Boris Knez diretor de arte.].
Intolerância só gera brutalidade.” (Martin Scorsese).
Um diretor dedica sua vida ao sucesso do seu filme”. (Martin Scorsese)
As pessoas se assustam mais quando estão morrendo”.
João Batista em: “ERA UMA VEZ NO OESTE”.
Todo dia acima do chão é um bom dia”. João Batista em: “SCARFACE”
Adoro o cheiro de (napalm/JAMBO) pela manhã”. João Batista em: “APOCALYPSE NOW”
Meu nome é Maximus Decimus Meridius, Comandante dos exércitos do Norte, General das legiões Felix, leal servo do verdadeiro Imperador, Marcus Aurelius. Pai de um filho assassinado, marido de uma mulher assassinada. Mas terei minha vingança, nessa ou na próxima vida”. João Batista em: “O GLADIOADOR”

Teve um dia que foi lá no sitio, pra mim pareceu longe pra falar a verdade eu já estava longe, foi um longo dia começando cedo pra todos os profissionais envolvidos no curta de titulo longo. “A very nice big fucking breakfast”, esperando por todos que quase com toda a minha certeza dormiram muito pouco ou nada no dia anterior, que se me recordo foi no dia 13 de Julho do ano corrente, bem no meio das férias, gosto desse “feeling” de estar trabalhando enquanto a maioria do mundo está se divertindo. Parece besteira, mas me sinto bem assim, de uma maneira justa e romântica.
Literalmente um calvário para uma jornada, J.B. crucificado de uma maneira requintada.
Muito interessante ver como as coisas funcionam realmente pra quem sabe fazer cinema. Todo mundo tem sua função, cada individuo no set é responsável por aquilo que sabe fazer de melhor. Percebi que A CORRERIA sempre existirá; um set tranquilo de mais não é agradável e até agora nestes quatro dias de filmagens nenhum foi – ainda bem – “Parece que as ideias ficam no ar”…
Abre caminho, maquinário pesado, silêncio no set pessoal, por favor, olha a grua, cadê João Batista? Foi som? Foi câmera? Ação!!!
-Meu ator Leoci tá vendo essa panada preta e uma fita laranja fluorescente?
-Sim!?
-Olha pro infinito – essa fita fluorescente é a água do rio, e água tá se mexendo.
-Como?
-A fita é o infinito pow!
EU: WTF #¨*@!?/°³#$%…
Cinema não é fácil, todos ficamos reféns do tempo. Olha a luz está indo embora, a noite está muito clara, o céu estrelado se apagou… Nós temos um terrível costume de querer definição de qualquer coisa, então lá vai: cinema – foco, concentração, empenho, dedicação, persistência, coragem, paciência, espera, parcimônia, e um pouquinho de asco só pra garantir e estudo de filmes...muitos...
Destes quatro dias de filmagens o que mais me puxou foi o do cemitério São Jorge, engraçado como estes dias se parecem os mesmos pra mim, entro no set e me sinto em um único dia nestas 4 dias, meu corpo padeceu e muito, meus sentidos foram todos exigidos, concentração, respiração, ânimo e até um certo controle da minha força emotiva, nos últimos anos fui muito ao cemitério por motivos injustos e desagradáveis, e que bom que desta vez fui pelo cinema, pela arte e por todas as pessoas que acreditam no meu fazer…
Tem gosto de pirulito derretido:
Todas as cenas exigem muito de todos da produção, equipe elenco, todos muito bem afinados isso é bem legal em um set de filmagens não há comodidade e é isso que me conforta. O roteiro é muito bem amarrado, as intenções das cenas precisam ser exatas, certas, apropriadas do contrário o trabalho de todos é prejudicado. Dedicação e esforço físico acredito de mais nisso, meu corpo tem que estar bem e o ator deve conhecer seu próprio corpo seus limites (desmaiei duas vezes nas filmagens). Outra característica bem peculiar do fazer cinema, é que tudo é precisão e não.
Cenas ensaiadas antes mudam completamente durante as filmagens, as nuances o alvo a intenção da cena continua o mesmo, mas os ajustes pra câmera mudam quase todos e a concentração nessas horas é indispensável, marcação de olhares, eixo, luz, focos, tudo muda! E fazer tudo isso na hora da ação que é o barato, seu raciocínio fica mais aguçado, tu te concentras em nada pra fazer tudo.
Cadê o Celio?
Se quiseres fazer cinema pense com cuidado porque não é fácil são variáveis infindáveis, não podes simplesmente pular do barco, NUUUUUUUNCA abandone o barco NUUUUUUUNCA! Por ablar em barco, cheguei em casa “mariado” fui dormir no balanço do barco verde e branco. A filmagem do dia 17 para 18 foi mais em águas amigas do que em terra-firme inimiga. (só lama).
Diretor: Não gostei, não é isso que eu quero “mermão”!
Ator: Ok!
Ator meu diretor vou pulando o olhar, acho que é isso!
Diretor: É corre lá é faz!
Ator: Consegui! Porra! Caralho!.
Impressionante o trabalho no set do malandro Boris Knez na arte extremamente possíveis plausíveis verossímeis. Incrível!!! Surpreendo-me todo o dia. O trabalho e empenho que sempre foram fodásticos estão cada vez mais fodásticos, P.Q.P. o que é que o Boris faz – “égua maninho” parece que tudo que o Knez cria já é do lugar, égua, muito doido! Muito bom malandro! O Emerson Bueno, muito tranquilo calmo e preciso e muito branco os carapanãs gostam!
E eu, como a Camila Kzan – Só sei fazer arte, “pois é nela que eu acredito e o que faz sentido pra mim”.
Não escondo de ninguém que estou gostando muito de fazer cinema – é claro sou um ator, gosto de mudar, não ser eu, gosto de me bater em cena, acidente de trabalho, eu gosto! Volta e refaz a cena, te joga no chão, sobe lá agora, desce, fica parado, tufar a veia da testa, ficar tonto, quebrar um dente, deixar a barba crescer, pintar o cabelo tudo pelo personagem. O meu corpo de ator não me pertence. Descobrindo e criando técnicas.
Tentando e me esforçando muito pra definir porque faço arte: Faço teatro por causa do cinema, e faço cinema por causa do teatro! A cada dia essa diferença de linguagens vai ficando mais evidente, a cada take, a cada corta, a cada ação, parece que a gente ganha mais força, me sinto vivo, pulsante. E a Geisa tem me ajudado bastante, ela passou a acreditar em se ajudar também – MANSA – ela está muito focada; quer que aconteça! E o meu relacionamento com ela nestes dias de filmagens até aqui têm sido crucial. Nos tornamos amigos e ela também não sabe viver sem gostar de música. Obrigado Geisa Barra. Ela vai ficar MANSA… Ela estancou o fusca, mas dirigiu bem com os joelhos.
Foto: Brenda Nunes
Leoci Medeiros as João Batista

Uma atenção especial pra alguns profissionais: Dário é um irmão, parabéns, muito verdadeiro e trabalhador, passas isso pra todos com muita facilidade, muito obrigado pelo apoio é uma honra trabalhar e trocar contigo, da mesma forma que é uma honra também ser vestido pelo premiado figurinista vivido e experiente Maurity Ferrão o cuidado que ele e a experiente, linda vivida e sonhadora Sonia Penna maquiadora têm por mim, são importantes. Muito obrigado! Orgulhoso pela oportunidade de trabalhar com vocês.
É bastante difícil extremamente delicado escolher uma cena preferida do filme pra mim todas as cenas até agora são carregadas de nuances, possuem uma história criada por mim para a construção do meu João Batista, pow é o meu primeiro filme! O João é um presente…
Um diretor dedica sua vida ao sucesso do seu filme”. (Martin Scorsese)
Leoci Medeiros – Ator.

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