19.8.11

"Construção da Personagem"

Foto:Célio C. Filho

“É melhor eu ir sozinho Juliana, me deixa ir sozinho”. Essa foi uma das primeiras fotos a serem liberadas ao público pela produção do filme.  Isso deve ter acontecido lá pelo final de Maio, acho eu. Cena captada pelo assistente de direção Lucas Escócio. O que esta imagem me recorda? Lembro que estava já bem avançado na construção da personagem , o diretor já estava menos preocupado com relação ao meu trabalho, mas não deixava de me aconselhar – “Cuidado, não vai ficar imitando o João Batista! – Não te vicia! – Neste ponto agora que tu já estás "dentro" do personagem, fica muito atento pra não ficar copiando todo dia de ensaio o João Batista, e se tu te esqueceres, eu te aviso”. Isso foi importante pra mim, muitas nuances do João Batista foram controladas por essa consciência que adquiri no processo de ensaio, este olhar que eu fazia em relação ao meu trabalho estando e sendo o alvo do trabalho, me vendo desse jeito, diferente, observando minha evolução e limpando gestos, fala, olhares, o ator deve se estudar, admitir e aceitar o que ele pode alcançar ter plena confiança na sua percepção, e não perder a sua técnica. Meus cabelos já estavam grandes e já não fazia barba a alguns meses.

Foto: Lucas Escócio

Já nesta foto, meus cabelos estão bem mais curtos e minha barba bem mais rala. Este foi exatamente o primeiro dia oficial de ensaios, foi o meu primeiro encontro com as pessoas mais ligadas com o filme, incluem-se: Boris Knez, Rafaela Fontoura, Teo Mesquita, Roger Elarrat, Camila Kzan, Célio Filho e Lucas Escócio, guardo este dia com bastante carinho dentro da minha carreira. Foi uma primeira leitura do texto com o diretor, conheci o diretor de arte, direção executiva e direção de produção, confesso que gostei de todos, fui super bem recebido, bem tratado, com respeito, profissionalismo, cuidados e coleguismos. Só quem me conhecia pessoalmente, mas que ainda não tinha contato profissional comigo era o Roger, então acho que neste dia a equipe pode me conhecer, observar e notar por todas as óticas de cada setor do filme, como era o ator que a direção estava apostando como possível protagonista do seu filme. Acho que causei boa impressão. Fui para o Instituto de Artes do Pará, consciente do que eu queria fazer, mas um pouco ansioso também, a nossa profissão exige essa ansiedade, controlada. Conversamos muito sobre o roteiro, sobre JOÃO BATISTA, sobre set, sobre jogo de câmera, sobre mise-en-scène, entre realismo fantástico, risos cafés e cigarros, foi um primeiro encontro muito produtivo. Fui para um teste, nunca imaginei que iria estrelar protagonizando um filme, e confesso que em todo primeiro mês de ensaios encarava cada ensaio como teste, e isso foi muito bom, porque daí encarei todo encontro como um exame próprio, pessoal, particular.


Um comentário:

  1. Em algumas fotos nem parece que é você. Parabéns menino!

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